Empino a bunda pelas cobertas tentando chamar atenção e consigo. Do outro lado do quarto ele me encara pelo reflexo do espelho e permanece por uns instantes me olhando, meio incrédulo. O que será que tá esperando para vir aqui?
É a minha segunda insinuação da tarde que corre devagar como o vento vindo do mar que balança os coqueiros lá fora e faz a gente sentir uma preguiça infinita. Quer dizer, depende...
Retiro de proposito o lençol de uma das minhas coxas e deixo metade da bunda de fora enquanto busco o travesseiro, o vibrador, qualquer coisa que me faça gozar – mesmo sabendo que será ele no fim das contas o escolhido pelo meu prazer para enfiar a cara entre minhas pernas e lamber tudo com dedicação.
Feito.
Antes que eu peça ele se espreita por entre os lençóis e me encontra já molhada. Com metade do corpo descoberto, sinto formar uma capsula quente de prazer, como se meu corpo da cintura para baixo fosse uma grande extensão da minha buceta – receptiva, sensível, entregue a qualquer toque que ele me fizer. E já nas primeiras passadas de língua por ali eu me contorço feito uma gata no cio.
Nessas horas parece que me corpo foi feito exatamente para isso, sabe?
Então eu rebolo em sua boca, jogo os quadris, aperto as coxas, sinto a serpente correr meu-corpo-inteiro-louco-de-prazer.
E gozo.
Um gozo poesia que com certeza enfeita mais o mundo
O meu,
O dele,
E por onde o vento que entrou janela adentro e correu por aqui ainda vai passar,
Levando nossos suspiros.
Texto de Loren Kaiza livremente inspirado na música "Numa ilha", de Marina Sena